Antes de adentrarmos nas tendências para o mercado imobiliário 2025, vamos retomar como fecha o ano de 2024 para este segmento.
O crédito foi, e deve continuar sendo em 2025, um desafio para o setor. O aumento das taxas de juros nos últimos anos, combinado com uma política monetária restritiva, elevou o custo do crédito e reduziu a acessibilidade para financiamentos imobiliários. Isso impactou diretamente tanto compradores quanto incorporadoras e construtoras, que enfrentaram dificuldades para viabilizar novos projetos e atrair investidores.
Além disso, o cenário econômico geral, incluindo inflação elevada e instabilidade econômica em alguns períodos, reforçou o desafio de manter o mercado aquecido. Apesar disso, setores específicos, como o de imóveis populares financiados por programas habitacionais, mantiveram uma demanda razoável, sustentada por subsídios governamentais e condições especiais.
A digitalização do mercado também se destacou, com o uso de tecnologias como passeios virtuais e ferramentas de simulação financeira, tornando o processo de compra mais acessível e atrativo para os consumidores.
Quando olhamos para o mercado de loteamentos, podemos enxergar uma demanda consistente por terrenos em regiões periféricas e cidades de médio porte, onde o custo mais acessível atraiu consumidores em busca de maior qualidade de vida e espaço. Esse movimento foi fortalecido por um foco crescente em sustentabilidade e planejamento urbano, com loteamentos integrando tecnologias verdes e elementos de uso misto, como áreas comerciais e residenciais que favorecem a convivência e o equilíbrio ambiental
Vamos conferir agora como ficam as tendências para o mercado imobiliário em 2025?
Desafios de mão de obra
A mão de obra na construção civil tem gerado preocupações há anos. Há um envelhecimento da força de trabalho e a não reposição de novos profissionais que, aliada à saída e trabalhadores em busca de melhores condições em outros setores, dificulta ainda mais o cenário.
A juventude não quer trabalhar na obra. Há uma preferência por carreiras fora do setor devido à percepção de baixos salários e condições difíceis. Isso leva muitos operários a aspirarem que seus filhos sigam profissões como engenharia em vez de trabalharem diretamente na construção civil.
Diversas construtoras já oferecem cursos de qualificação gratuitos para formar novos profissionais, ainda assim, muitos não concluem os estudos ou não desejam seguir carreira.
Além disso, apenas cerca de 30% dos trabalhadores possuem qualificação técnica formal, o que impacta diretamente na produtividade e na qualidade dos projetos. Isso é agravado pela desvalorização da profissão e pela precariedade das condições de trabalho, o que desestimula a entrada de novos profissionais no mercado.
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Escassez de crédito
Se em 2024 vimos a Caixa Econômica alterar suas regras para concessão de crédito SBPE e reduzir a oferta, em 2025 esse comportamento pode se repetir em outras instituições.
Os desafios do crédito imobiliário para 2025 estão diretamente ligados ao aumento do custo do crédito e escassez de recursos tradicionais, como os da poupança. O modelo de financiamento baseado na poupança enfrenta esgotamento devido à alta rentabilidade de outras aplicações financeiras, que tem desviado recursos. Isso levou a medidas como a criação de linhas de crédito indexadas ao CDI, que resultam em custos mais elevados para construtoras e para compradores.
O setor busca soluções, como a criação de um mercado secundário de crédito imobiliário e captação por meio de títulos verdes internacionais, mas essas estratégias ainda enfrentam desafios de implementação
Enquanto isso, a dependência de recursos do FGTS para programas como o MCMV continua essencial para viabilizar habitação popular em meio a dificuldades
Um dos vilões apontados pela ABRAINC para o agravamento da escassez de crédito no segmento SBPE é o saque-aniversário do FGTS, considerado pelas construtoras como a BET deste setor.
Segundo empresários do setor, o saque-aniversário que num primeiro momento parece bom pois incentiva o consumo, acaba comprometendo o recurso para compra de imóvel, além de mexer nos valores de aposentadoria e de emergências em caso de demissão.
Apesar disso, há sinais positivos. A expectativa de redução gradual da Selic para 10% até dezembro de 2025 pode tornar o financiamento imobiliário mais acessível, impulsionando vendas e a valorização dos imóveis. Além disso, programas habitacionais como o Minha Casa Minha Vida continuam a estimular a compra de imóveis, especialmente entre famílias de baixa renda.
Tecnologia e inovação
Em 2025, o setor imobiliário está sendo moldado por diversas tendências tecnológicas e inovações que prometem otimizar operações e melhorar a experiência do cliente. Entre os principais destaques estão:
- Automação e Inteligência Artificial (IA): Ferramentas avançadas estão sendo usadas para análise preditiva de demanda e otimização de processos internos. A IA ajuda incorporadoras e imobiliárias a identificar áreas com maior potencial de valorização e a melhorar o atendimento ao cliente por meio de CRMs e soluções automatizadas
. - Sustentabilidade e imóveis verdes: A demanda por construções sustentáveis, com certificações como LEED, está em alta. Soluções como energia solar, sistemas de captação de água da chuva e materiais recicláveis estão cada vez mais presentes, atendendo consumidores preocupados com o impacto ambiental.
- Real Estate Techs: Startups estão revolucionando o mercado com plataformas que facilitam o financiamento imobiliário digital, marketplaces de imóveis e personalização de empreendimentos. Essas tecnologias tornam os processos mais ágeis e transparentes, ampliando o acesso ao crédito e otimizando transações;
- Modelos de Co-living e Co-working: A moradia compartilhada e os espaços de trabalho híbridos estão crescendo, especialmente em grandes centros urbanos. Esses modelos são atraentes para jovens profissionais e empresas que adotam práticas de trabalho mais flexíveis
. - Expansão para novos mercados e polos secundários: Com preços elevados em grandes metrópoles, cidades menores e próximas a grandes centros, como Londrina e Maringá, têm recebido mais investimentos em imóveis de médio e alto padrão.
Captação de Recursos e Investimentos
As tendências de captação e atração de investidores para o setor imobiliário em 2025 destacam-se pela ênfase em sustentabilidade, inovação e diversificação de estratégias.
O primeiro deles é um foco maior na sustentabilidade. Projetos imobiliários que atendem a critérios ambientais, sociais e de governança (ESG) continuarão a atrair investidores. Certificações verdes e iniciativas que promovam eficiência energética e menor impacto ambiental são valorizadas como diferencial competitivo.
A busca por financiamentos estruturados e parcerias público-privadas está em evidência. Esses mecanismos ajudam a mitigar riscos, viabilizando grandes projetos urbanos e de infraestrutura.
Investidores institucionais, como fundos imobiliários, family offices e private equity, estarão mais interessados em projetos bem estruturados, com diferenciais como rentabilidade e escalabilidade. O principal desafio neste sentido está relacionado às exigências, que incluem transparência, governança e uso de tecnologia para apresentação e monitoramento dos projetos. Neste sentido, empresas bem estruturadas, com boa gestão e alta capacidade de demonstrar saúde financeira poderão sair na frente.
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Reforma Tributária e seus impactos
Não poderíamos finalizar este texto sobre as tendências para o mercado imobiliário 2025 sem citar ela, a Reforma Tributária. Com a substituição de impostos como o PIS, Cofins, ICMS e ISS, pelo IVA Dual, que se divide em IBS e CBS, alguns setores poderão sofrer um impacto significativo e o mercado imobiliário não fica de fora.
Na reforma tributária brasileira, existe um debate em curso sobre incentivos ao mercado imobiliário, especialmente no que se refere à adoção de redutores que possam mitigar os impactos da nova estrutura tributária. O setor imobiliário, que reivindicava um redutor de 60%, conseguiu efetivamente um redutor de 40%. Isso pode levar ao aumento efetivo de cerca de 20% na tributação de imóveis, caso não seja alterado até a efetiva implementação do novo regime.
O impacto direto dessa mudança dependerá da regulamentação final do IVA Dual e de regimes específicos, como o RET (Regime Especial de Tributação). Esses regimes têm sido fundamentais para o setor, mas a continuidade deles ainda está incerta, o que gera cautela nas incorporadoras e loteadoras. Apesar das adversidades, há oportunidades de planejamento tributário para amenizar esses desafios e criar estratégias mais robustas para o setor.
Muitos aspectos sobre este tema ainda estão em debate mas o que se sabe é, as empresas que não se preparem em 2025, poderão sofrer sérias consequências, afinal, o plano de viabilidade dos empreendimentos deve ser debatido já considerando aspectos do novo regime para não ter surpresas no futuro.
Conclusão Tendências para o mercado imobiliário 2025
Em 2025, o mercado imobiliário terá desafios significativos, mas também inúmeras oportunidades. O crédito, embora restrito, poderá se tornar mais acessível com a expectativa de redução da Selic. A inovação e sustentabilidade serão os pilares que sustentam o crescimento do setor, com a digitalização, tecnologias verdes e modelos flexíveis de moradia ganhando destaque. As construtoras e incorporadoras que se adaptarem rapidamente a essas tendências, mantendo um bom planejamento tributário e governança robusta, estarão mais preparadas para enfrentar os obstáculos impostos pela reforma tributária e pela escassez de crédito.
Com a busca crescente por projetos sustentáveis e bem estruturados, os investidores estarão mais atentos ao uso inteligente de recursos e à capacidade de adaptação das empresas. Embora o cenário continue desafiador, o mercado imobiliário tem o potencial de se reinventar e prosperar em 2025. Empresas bem preparadas, com foco na inovação e transparência, estarão posicionadas para transformar esses desafios em novas oportunidades e alcançar resultados expressivos no futuro.